quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Sabiá....Homenagem de filho para pai.

Raimundo Sabiá,tinha apenas treze filhos,muitas bocas pra sustentar, pedreiro no primeiro ato, sangrou o Brasil ao sair de Teresina, montado no lombo de um Pau de Arara por vinte e cinco até chegar em Brasília, suas mãos firmes sentaram milhares e milhares de tijolos na nova capital,ergueu paredes e as enfeitou com tetos e lajes. Brasília ainda era um embrião. A cidade cresceu com seus filhos e Raimundo Sabiá depois de muitas luas e muitos sois conseguiu um emprego público onde trabalhava a noite e de dia se deliciava com suas paredes sempre retas. Assoviava por onde andava e parecia um passarinho apaixonado pela vida. Aprendeu a amar um time de futebol chamado Sociedade Esportiva do Gama onde sempre com sua camisa surrada a qual ganhou de um jogador do time desfilava seus enormes rádios no Estádio Bezerrão.Gritava para que todos ouvissem, Gama eu te amo! Raimundo Sabiá gostava tanto de futebol que aos finais de semana ao chegar do trabalho calçava seu sapato Vulcabrás e corria para o campinho de terra batida que ele mesmo junto com a molecada construiu e daí em diante a butinada corria solta. Era um sonhador, suas pernas diziam que ele não tinha mais idade pra estar entre os meninos mas seu coração guerreiro insistia e assim ainda jogou bola com os meninos durante longos anos até pendurar o seu sapato quebra canelas Vulcabrás. Continuou a sua sina cuidando dos filhos e desta vez com ajuda de alguns, No trabalho todos os conheciam. Sabiá, sabia das coisas. O tempo passou e seus filhos cresceram e as dificuldade diminuíram e então Raimundo Sabiá melhorou de vida. Após muitos anos aposentou-se no serviço público e viu seus netos nascerem e crescerem. Mas o tempo não perdoa e a velhice lhe trouxe problemas de saúde e então Sabiá não conhecia seus filhos mesmo que os olhasse nos olhos. A doença desceu do cérebro para seu corpo e Sabiá tornou-se um pássaro sem asas e sem voz. Depois de perder sua amada de tantos anos, vira sua filha também sucumbir antes do tempo e então como num último suspiro fora ao encontro das duas. Sabiá calou-se e se pôs imóvel como a lápide que o cobriu, lutou venceu na vida mas não venceu a morte e hoje num misto de tristeza, angústia e saudade meu pai! Raimundo Sabiá deixou nosso mundo e partiu para a eternidade. 

  Por Roberto Carvalho

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